Jornal Rascunho (Rio de Janeiro 26.3.20)
traduzione e nota di Patricia Peterle
Maria Grazia Calandrone, com uma grande sensibilidade, pensa nos invisíveis, naqueles que não podem ou não tiveram a autorização para o isolamento forçado, mas que continuam a trabalhar pela vida dos outros colocando a própria em contínuo risco. A chamada Zona Vermelha, título do poema, refere-se aos territórios em que as pessoas não podem mais sair de casa devido ao risco do contágio.
Zona Vermelha
para N.
Tenho uma amiga que continua a trabalhar na fábrica na Zona Vermelha. Na prensa
o contato forçado com os colegas
é cerrado. Diz: “Nós operários
somos carnes de abate. Ninguém fala
dos mortos no trabalho”, todo ano uma contagem
de produtos estocados e de moscas
mortas na região da neve, onde o verde é cortado pelos portões
e divide em porções desiguais
a terra. Tudo
acaba, para todos, em dois metros quadrados
de terra, revirada por uma pá
manuseada por um homem que ficou mudo
pelo trabalho com os mortos. Tudo
é posto em silêncio
sob uma camada de viridescentes mofos nobres
congelados pelo sopro da primeira noite. Diz: “Não tenho medo
por mim”. Não acrescenta: “Seria quase uma liberação”. Aliás, emite um lampejo
de pura alegria
se lhe pergunto, em pensamento: “Você comeu?”.
(Roma, 12 de março de 2020)
Maria Grazia Calandrone
Nasceu em Milão, na Itália, em 1964. Como poeta, publicou os livros Giardino della gioia (2019), Il bene morale (2017) e Serie fossile (2015), entre outros.
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