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Piparote – Brasil (Abril 22)

Tradução Patricia Peterle, Andrea Santurbano

© – fóssil

 

ponha uma mão aqui como uma venda branca, feche-me os olhos,

preencha o limiar de benções, depois que

você passou no meio

do ouro verde da íris

como uma abelha régia

e – palha

sobre palha,

de ouro e grão debulhado –

você fez de mim

o seu favo de mel

 

uma constelação de abelhas ronda a tília

com sapiência inumana, um redemoinhar de inteligências não larga

a árvore do mel

 

seria redutivo dizer amor

essa exigência da natureza

 

enquanto um vazio anterior cicatriza

entre flor e flor sem deixar rastro:

 

use a boca, tire-me do coração

o ferrão dourado,

a memória de um raio a qual queimou minha forma humana

em alguma pré-história

 

onde os loucos acariciam as pedras trocadas por cabeças de crianças:

 

chegue mais perto, como a primeira

entre as coisas perdidas

e aquele rosto se ergue da pedra para uma vez mais sorrir

 

 

24.5.13

 

carta imaginária

 

onde eu era carne ela era marfim

(Pier Paolo Pasolini)

 

 

madrugada

de tenra

carne, presa

no exoesqueleto da Lei

 

no trágico

mês de novembro

tudo chorava

 

me segura fime, fora

do limite humano

 

me segura como uma mãe

que abraça em sonho

 

 

22.12.13


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